Empreendedor aposta em negócio que serve vinho por pequena janela em SP
A Buchette del Vino – Casa Grilo remete a uma tradição italiana e se tornou um sucesso nas redes sociais Uma casa tombada como patrimônio histórico e cultural abriga a Buchette del Vino – Casa Grilo, um espaço gastronômico e cultural localizado no bairro do Bixiga, na região central da cidade de São Paulo (SP). Sob a liderança de Murilo Grilo de Oliveira, de 32 anos, o empreendimento busca valorizar a área e impulsionar a cena artística paulistana. O negócio oferece ao público uma variedade de massas, sobremesas, vinhos e brusquetas. No entanto, o verdadeiro destaque da casa são as experiências que acompanham cada um desses serviços.
Fundado há um ano, o negócio ganhou grande repercussão no bairro e nas redes sociais ao servir taças de vinho através de uma pequena janela na fachada. Essa prática remete à tradição italiana das “Buchettes del Vino”, que surgiu durante a peste bubônica, quando as bebidas eram entregues dessa forma para minimizar o contato. Além disso, a Casa Grilo abre suas portas para que os artistas da região possam se apresentar em seu quintal.
Arquiteto e diretor artístico por formação, Oliveira decidiu entrar no universo do empreendedorismo em fevereiro de 2023, criando um negócio centrado em experiências. Inicialmente, ele abria as portas de sua própria casa, também no Bixiga, onde servia cafés aos clientes. Após a degustação, Oliveira conduzia um tour pelo bairro, compartilhando a história da região e os significados por trás das arquiteturas e teatros locais.
Poucos meses após o início dessa experiência, ele decidiu expandir seu modelo de negócio e centralizar os serviços em sua residência, oferecendo mais do que cafés gourmets. “Eu tive a ideia de trazer elementos do cardápio italiano para minha casa. Foi quando eu descobri que existia a tradição italiana das ‘Buchettes del Vino’. Entrei em contato com a Associazione Buchette del Vino, que fica em Florença, na Itália, e expliquei que estava em uma casa e em um bairro de alta predominância italiana. Falei a minha ideia e eles me autorizaram a criar a primeira Buchette del Vino no Brasil”, afirma.
O negócio foi inaugurado em agosto do mesmo ano. Tanto da Buchette del Vino, situada na entrada do local, quanto da Casa Grilo, espaço interior que serve mais tipos de bebidas, sobremesas e massas. O investimento inicial foi de R$ 170 mil.
Fachada da Buchette del Vino – Casa Grilo
Divulgação
A estreia da nova empreitada reuniu mais de 300 pessoas no dia 13 de agosto de 2023. “Contei para alguns amigos sobre a inauguração, mas não sei até que ponto a notícia se espalhou, eu não tinha anunciado nada formalmente. Dormi, acordei e tinha uma fila de 300 pessoas encostada na parede da ‘janelinha’ do vinho”, explica.
Para acalmar os ânimos, o companheiro de Oliveira, Claudmar Gonçalves Costa, de 50 anos, teve que conversar com cada pessoa e explicar a situação. A atividade, feita às pressas em um momento para contornar o público inesperado, virou uma ação permanente da casa. “Apelidamos o Clau carinhosamente de ‘sommelier da fofoca’. Ele fica lá fora conversando com o público, contando a história do negócio, da tradição das Buchettes del Vino e também convida as pessoas para conhecer o nosso interior, a Casa Grilo”, diz.
Claudmar Gonçalves Costa e Murilo Grilo de Oliveira, respectivamente
Divulgação
Para além de Gonçalves, outro elemento que marca o empreendimento é a famosa ‘mãozinha’ que distribui os vinhos. “Hoje, nosso negócio oferece uma experiência completa. As pessoas não apenas fazem seus pedidos, mas também adoram tirar fotos com a ‘mãozinha’ e até conversam com ela. As crianças, em especial, ficam encantadas com essa ‘mãozinha’ misteriosa, já que mantemos em segredo quem está por trás dela”, relata. A pessoa responsável pelo braço segue em “segredo de estado”, a fim preservar a memória criada no entorno da atração.
‘Janelinha’ de vinho da Buchette del Vino – Casa Grilo
Divulgação
Em um ano de atuação, a Buchette del Vino – Casa Grilo já serviu mais de 10.350 taças de vinho, sendo eles de origem chilena, portuguesa, brasileira e, claro, italiana. Uma taça de vinho tinto Cabernet Sauvignon custa R$ 18, por exemplo. Em média, o empreendimento recebe mais de 200 pessoas aos finais de semana, sendo elas espalhadas pelas calçadas e pelo pequeno espaço interior. O faturamento mensal médio é de R$ 30 mil.
“Atendemos desde adolescentes até idosos de 90 anos. Se tiver 50 pessoas na calçada, todas vão estar conversando sobre o mesmo assunto e tentando se conhecer. Temos histórias de pessoas que fizeram amizade aqui e até hoje frequentam o nosso espaço. É um negócio de experiência que possibilita a criação de laços e relações “, conta.
Para o futuro, Oliveira espera expandir o empreendimento e ocupar novos espaços pela capital paulista.
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